Por Rosana Braga
Conhece alguém com mais de 18 anos que não tenha celular? E se fosse só a partir desta idade, talvez o estrago não seria tão grande, tanto no presente quanto, principalmente, no futuro. Porque, em geral, maiores de 12 anos já têm o seu aparelho.
Claro, eu também tenho o meu. E não estou levantando nenhuma bandeira contra essa pequena e revolucionária fonte de informação, tecnologia e inimagináveis possibilidades. Mas, porém, contudo, meu tema é relacionamentos. Por isso, preciso dizer!
Não se trata de uma ameaça ou de uma praga. Não se trata de opinião ou gosto pessoal . É fato! O uso excessivo do celular pode realmente causar danos terríveis aos relacionamentos. E não só aos amorosos/sexuais, mas também entre pais e filhos, entre amigos e até no ambiente de trabalho.
Enquanto seus olhos ficam focados durante horas na tela do encantador aparelho, você – seu coração, sua mente e sua alma – vai se afastando sorrateiramente daqueles que fazem parte real e substancial da sua vida neste momento!
Enquanto sua atenção e seus ouvidos são estranhamente abduzidos pelas ondas eletromagnéticas dos tão sedutores aplicativos e vídeos, sua essência vai se perdendo e você vai se esvaziando do conteúdo que realmente sustenta sua saúde emocional, psicológica e, em alguns casos, até física.
Preste atenção, por gentileza. Por onde você tem andado na maior parte do tempo? Pelas ruas de fato? Em sua casa? No quarto com a pessoa que você ama? Num bar conversando e rindo com seu amigos? Na igreja com a sua comunidade religiosa? Ou na tela do seu celular? Seja sincero!
Outro dia, num momento de profunda frustração, eu gritei algo bem feio! Não deveria escrever isso aqui, mas acho que vale a intensidade da minha grosseria para falar sobre o excesso de celular em nossas vidas!
Eu disse algo como: “no dia em que inventarem um aparelho com b**eta ou com p**to, ninguém mais vai procurar ninguém. Porque, afinal, hoje em dia só se tira os olhos da tela (e mesmo assim não em todos os casos) quando o objetivo passa a ser sexo real. Se for sexo virtual, olhos e ouvidos ficam mais ligados ainda no mundo brilhante, mas completamente limitado diante de todas as possibilidades no aqui e agora.
Bem, acredite se quiser, mas esse abandono das relações e do momento presente tem sido a reclamação mais recorrente entre os casais. Homens e mulheres têm se sentido cada vez mais sozinhos, ainda que acompanhados. Olhares sempre para baixo, seja nas mesas dos restaurantes, na sala de casa, no quarto dos filhos e até na cama.
As explicações logo aparecem, algumas até fazem sentido, mas nada justifica, no final das contas, o excesso, a perda de noção, o desequilíbrio, a ilusão de que ali existe um mundo que vale mais do que a conexão profunda, inteira e consciente com quem a gente ama!
Então, verdade seja dita: aparelho de celular é ótimo. De verdade! Adianta a vida, facilita o trabalho, economiza tempo e resolve mesmo uma série de problemas. Mas… quando usado em excesso, pode fazer com que você vá se tornando num verdadeiro zumbi* sem nem se dar conta.
Cada vez menos toques. Cada vez menos olhares. Cada vez menos sorrisos decorrentes de declarações feitas frente a frente. Cada vez menos o calor da presença, o som, o cheiro. Cada vez menos aquilo que de tão visceral e completamente vital, nem precisa ser dito. Porque emana da sua alma e se expande com tal força e humanidade que ocupa todo o universo onde dois corações batem ao mesmo tempo e no mesmo lugar.
*Pessoa que vive a perambular e age de modo estranho. Sem vontade própria. Sem personalidade.
Uma resposta para “Excesso de celular pode causar danos permanentes ao amor!”
Obrigado pelo ótimo texto! 😉
Também acho que o “aparelhinho” é muito importante e bem-vindo!
Porém tem sua hora certa! =D