Quando sofre, você desmonta ou desmancha?

Por Rosana Braga

Lá por 2003, 2004, eu sofri muito. Tinha rompido um relacionamento por causa de uma traição. E nem foi com uma fulana qualquer que o dito cujo me traiu. Foi com uma grande amiga. Imagine como fiquei. Só de alguém perguntar como eu estava, já começava a chorar. Era inevitável.

A boa notícia? A dor passa. A notícia melhor ainda? A gente pode aprender com ela. E aprender lições impagáveis sobre quem a gente é e que dinâmica a gente costuma instituir nas relações que vive.

Acontece que, nessa época, eu tive um início de depressão. A sensação era de que nunca mais voltaria a me sentir feliz no amor e de que aquela frustração me consumiria de tanta tristeza. E eis que, em uma sessão de terapia, minha querida terapeuta me disse:

_ Rosana, não se preocupe! Eu te conheço! Você desmonta, mas não desmancha!

Num primeiro momento, não entendi muito bem o que ela quis dizer! Qual era a diferença? E que me importava se estava desmontada ou desmanchada. Eu me sentia completamente sem rumo, sem respostas, sem entender por que aquilo tinha acontecido…

Mas, com o tempo, eu entendi. E nunca mais me esqueci. Aquela verdade se tornou uma espécie de mantra para mim, para nutrir minha autoestima. “Eu posso até desmontar, mas não desmancho”.

Sim, porque quando a gente desmonta, é como se desiludir. É bom! A gente desconstrói uma ilusão. Abre mão de uma mentira que vinha se contando. Para de se enganar só para não ter de lidar com o medo da solidão, de nunca dar certo no amor ou com as próprias dificuldades.

A gente desmonta o que não está funcionando. Vive o luto daquela perda. E depois recomeça. Mais madura. Mais alinhada com o próprio coração. Mais sintonizada com o que a gente realmente quer.

Mas algumas pessoas, diante da dor, se entregam à sensação de que nunca mais vai passar. Ficam insistindo na ideia de que não tem mais jeito, de que nunca mais vão encontrar alguém melhor ou tão bacana. Enfim, a pessoa se fecha num buraco sem se dar conta de que está caindo numa perigosa armadilha criada por sua mente ansiosa e cheia de medos.

Só que, quando uma pessoa vai desmanchando enquanto sofre, ela vai se perdendo, se fragilizando, fechando os olhos para todos os seus recursos internos, negando todas as novas portas que se abrem quando uma se fecha.

Quando você permite que a dor te desmanche, você desiste de si mesma. E isso é profundamente lamentável. Porque existem caminhos, alternativas, pessoas que podem ajudar você a se levantar e se reconstruir, recomeçar.

E, mais importante do que isso, existem técnicas e formas de transformar esse rio de lágrimas em preparação para o melhor que está por vir. Até porque, na maioria das vezes, a decepção é um convite imperdível, intransferível e fundamental para que você consiga enxergar aquilo que tanto merece viver. Ou melhor, enxergar o caminho até lá!

Por isso, se você se sente desmanchando agora, seja por qual razão for, para tudo! Comece a reconhecer suas partes desmontadas. Comece a enxergar as novas formas que você pode ganhar. E feito casa em reforma, se dê a chance de um novo designer, de uma alma lavada e um coração curado. Porque é disso que são feitos a vida e o amor: de um constante recomeçar. Mas sempre com uma nova noção de merecimento!

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Fábio Porchat e Rosana Braga no Fantástico

 

Fábio Porchat e Miá Mello entrevistam Rosana Braga no quadro Repórter por um dia, do Fantástico – TV Globo.

Os atores e humoristas queriam encontrar a Fórmula do Amor e, para isso, conversaram com Rosana Braga, psicóloga, consultora de relacionamento e do Par Perfeito e autora de 9 livros, dentre eles QUEM AMA, MOSTRA e 10 PASSOS PARA UM AMOR DE VERDADE.

Confira pelo link: Fábio Porchat e Miá Mello entrevistam Rosana Braga no Fantástico – TV Globo

Como curar um coração partido?

Em primeiro lugar, é bom você ter certeza de que quer mesmo curar o seu coração partido! Sim, porque tem gente que, mesmo sem perceber e ainda dizendo que quer, na verdade não quer! Por mais estranho que possa parecer, essas pessoas acreditam que ganham mais mantendo o coração partido do que curado.

Mais ou menos assim: enquanto se mantêm tristes, doloridas e no lugar de sofredoras e vítimas de alguma desilusão amorosa, podem estar ganhando mais atenção ou uma história comovente pra contar. Talvez estejam apenas garantindo que tinham razão ao dizer que amor de verdade não existe.

Enfim, as razões de quem não quer curar seu coração partido podem ser muitas. Mas não nos interessam neste momento, neste texto. Por isso, se você está em dúvida de que quer ou de que é possível ser feliz de novo, pode parar de perder o seu tempo aqui.

Quero falar somente com quem tem certeza de que pode, merece e quer ser feliz. Afinal, curar um coração partido é como sair de um buraco. Ou seja, você precisa acreditar que tem algo lá em cima, fora deste buraco, que vale muito a pena o esforço da subida!

Então, vamos lá! Comece se dando conta de que você não é o primeiro e, muito menos, será o último ser da terra a doer por amor. Faz parte. Acontece com todo mundo que está vivo de fato e disposto a experimentar seus sentimentos. No final das contas, mesmo que não pareça, dor de amor chega a ser um privilégio! E quem nunca amou vai entender perfeitamente do que estou falando!

Agora, pense comigo: não é possível que tamanha dor, tão desagradável e persistente, não sirva para nada! Tem de servir! Qual é o aprendizado? Como dá pra crescer com ela? Sim, sempre dá! Qual foi sua parte nesse processo? Porque tem uma coisa: enquanto você não descobrir qual é a lição, a dor pode até passar, mas… Mais cedo ou mais tarde, ela vai voltar… Até você aprender!

Por fim, use a lei da proporcionalidade possível. Quer comer um bolo inteiro com uma única bocada? Impossível. Mas, se você fatiá-lo? Assim também se cura um coração partido. Um dia de cada vez. Não dá pra acabar com a dor toda agora. Mas é certo que você pode lidar com ela neste instante. Apenas neste instante. Só por hoje!

E então? O que é possível fazer neste momento? Chorar um pouco? Ligar para um amigo? Meditar? Orar? Dançar? Escrever? Pintar? Cozinhar? O que? Descubra novos canais de transformação! Use sua criatividade. Crie espaço para a dor se dissipar e sentimentos bons florescerem dentro de você!

Eu sei! Não é fácil. E sei também que saber que vai passar não diminui a dor que você está sentindo agora. Mas vai passar mesmo assim. Porque mesmo sem você se dar conta, amanhã vai doer um pouquinho menos que hoje.

Até que chegará o dia em que essa dor fará todo sentido. E você terá entendido, de uma vez por todas, pra que ela serviu. E ao olhar para seu próprio coração, verá que ele está ali, não só colado, curado e inteiro, mas muito mais forte e vibrante. Pronto pra recomeçar! Só por hoje…

O outro tem o direito de não gostar de você!

Frequentemente vejo pessoas se autodestruindo ou tentando destruir o outro porque não se conformam com o fato de não serem correspondidas. Afirmam insistentemente que amam e, em nome deste sentimento, julgam-se dona de toda e qualquer razão, como se qualquer atitude pudesse ser justificada por este sentimento.

Claro que desejamos ser correspondidos quando gostamos de uma pessoa. Óbvio que queremos nos relacionar com ela e creio que seja muito saudável fazermos o melhor que conseguirmos para tentar conquistá-la; mas precisamos considerar que nenhuma investida é garantida.

Faça o que fizer, haja o que houver e ainda assim o outro terá o direito de não querer, não gostar, não conseguir corresponder e oferecer os mesmos sentimentos. Acontece que algumas pessoas simplesmente não compreendem isso. São imaturas; comportam-se feito crianças que esperneiam e fazem birra a fim de conseguir o que querem.

Algumas optam pela autodesvalorização. Diante da recusa do outro, entregam-se às lamentações e não se cansam de repetir que são feias, desinteressantes e não têm sorte na vida. Pisoteiam sua própria auto-estima até realmente ficarem muito menos atraentes do que poderiam ser.

Existem as que mergulham tão profundamente nessas crenças que desenvolvem sentimentos próprios de depressão, instabilidade de humor, desânimo diante de tudo e de todos e, em alguns casos extremos, chegam até a desistir de viver.

Outras preferem atacar quem as rejeitou. Ainda que esta opção também signifique autodestruição, tais pessoas se empenham em bagunçar a vida do outro. Fazem escândalo na família dele, em frente a casa, tentam difamá-lo entre os amigos e, seja através de diretas ou de indiretas, não medem esforço para causar-lhe transtornos de todas as ordens.

Se você se derruba ou tenta derrubar o outro quando não consegue despertar nele o mesmo sentimento que o dedica, está na hora de crescer e amadurecer; de entender de uma vez por todas que as pessoas têm o direito de não gostar de você, assim como você também tem o direito de não gostar de alguém que se declara e revela o desejo de estar ao seu lado!

Sei que é triste, que a gente fica mal, chora e se angustia com uma recusa. Até aí, muito compreensível: todos nós desejamos ser amados por quem amamos. Mas depois de algum tempo (sejam dias ou alguns meses), isso tem de passar.

Aceitar o não é ser justo e democrático; é ser adulto o bastante para acatar os sentimentos do outro sem acreditar que ele tem o poder de lhe destruir caso não queira ficar com você. Não tem! E se você se vê destruído, saiba que a responsabilidade é sua e não do outro. Quem se destruiu foi você!

E enquanto digere a tristeza de não ser correspondido, comporte-se com dignidade. Não alimente pensamentos insensatos e unilaterais. Tente perceber como você pode se tornar melhor depois deste episódio. Sempre temos algo a aprender e as dores do amor servem perfeitamente para isso.

Por fim, não se esqueça: a gente só pode seduzir de verdade o coração de alguém quando usa, para tanto, atitudes de amor. Infantilidade, exageros, ofensas e acusações podem até fazer parte da reestruturação de uma relação, mas não podem persistir até que a única coisa que você mereça seja piedade. Porque, certamente, você merece bem mais do que isso!

Por que algumas pessoas só dão valor quando perdem?

Não sei o que é pior: já ter conhecido alguém que só dá valor ao que tem depois de perder, ou ser alguém assim. Não estou julgando. Não se trata de valores morais ou avaliações do tipo “certo” ou “errado”. O que quero dizer é que é mesmo lamentável só conseguir se dar conta de algo ou alguém quando já é tarde demais!

Sei que, aos mais céticos, parece conversinha inútil. Mas tenho visto, ouvido e até acompanhado algumas histórias de dar pena. Triste mesmo! De gente que parece estar contra si mesmo. De homens e mulheres botando a perder o que têm de melhor e de mais importante em suas vidas, simplesmente por não conseguirem enxergar o belo, o bom, o que, aos seus olhos fechados, parece pouco…

Muito já se repetiu que temos dois caminhos para aprender qualquer lição nesta vida: pelo amor ou pela dor. Em geral, infelizmente, escolhemos o segundo caminho. Claro, inconscientemente. Mas isso não nos torna vítimas ou inocentes. Nem culpados ou algozes, no entanto.

Trata-se, sobretudo, de uma constatação que deve, sim, servir para nos tornar mais atentos. É fato que já passou da hora de muitos de nós tomarmos uma boa sacudidela. Um susto suficientemente grande para nos fazer acordar e manter os olhos bem abertos!

Por todos os lados, vemos pessoas sendo amadas sem sequer notar, quiçá valorizar ou retribuir! Pessoas recebendo oportunidades incríveis, vivendo com familiares e amigos maravilhosos, estando em lugares imperdíveis… e nada! Só reclamando, só se lamentando, só desperdiçando. Pecando a vida!

Acreditam que a fonte nunca seca. Apostam que podem ignorar, disfarçar e adiar o amor à seu bel-prazer que nada vai mudar. E pior: acham que se mudar, nada vão perder, nada vão sentir, nada vão sofrer.

Mas quando chega o tal dia em que o outro se cansa e vai embora, ahhh, quando chega esse dia, é inacreditável o que já vi acontecer! Alguns, primeiro dão de ombros, como se nem se importassem. Mas com mais ou menos dias… para quase todos, o desespero bate! A lucidez chega e a impressão que dá é que, após curto-circuito, suas luzes se acenderam!

Mas agora? Agora acabou. Finito. O outro não quer mais. Cansou de tentar. Cansou, não de sua perfeição, porque isso não existe. Cada qual tem sua parte no enredo vivido. Mas, sim, cansou de se relacionar no escuro do outro!

E assim, diante da falta, do suposto abandono, arregalam os olhos! Reagem como se estivessem surpresos! “Como assim?!? O que houve?!?” E a fim de tentar reverter a situação, tornam-se tudo o que poderiam ter sido, mas nunca se dispuseram a ser! Flores, cartas, galanteios e declarações. Lágrimas, pedido de perdão, reconhecimentos e elogios.

As certezas, até então inexistentes, brotam de um não sei onde, baseadas num não sei o que, recheadas de propostas tão aguardadas, mas que jamais foram feitas. Onde estava esse desejo? Onde estava essa pessoa? Onde estava esse coração?

Preso em sua própria armadilha! Certamente escondido, defendido, entorpecido de falsas verdades, crenças distorcidas e enganos, tristes enganos. Sim, estou certa de que sua dor é mesmo real agora. Talvez tenha mesmo acordado. Mas talvez seja só a dor do vazio, da perda. Talvez seja a frustrante constatação de sua incapacidade de se entrelaçar. Talvez… Quem pode saber o que se passa?

Eu não posso! Quem esperou por atitudes durante tanto tempo também não tem como saber. Sem garantias. Sem certezas. Só quem pode descobrir qual a real disponibilidade, quais são os sentimentos pelos quais está pronto para viver é quem, de fato, acordou!

Portanto, se você é quem se cansou de esperar e foi embora… ou se você é quem, enfim, se deu conta de que estava dormindo, minha sugestão é que se aquiete, pare, respire, medite… Dê tempo ao tempo. Dê tempo ao outro e a si mesmo. Tente ser o mais honesto possível com seu próprio coração. A resposta virá de dentro. Da sua essência e não da sua tormenta.

E, por fim, se você nunca passou por isso, esteja atento ao seu amor para evitar as armadilhas. Porque não me restam dúvidas de que sucumbir a elas dói. Dói demais! E não há analgésico que faça passar.